Se você já empreende ou quer empreender, a essa altura você já deve saber que ter um negócio no Brasil é bem desafiador, mas ao mesmo, recompensador. E ter um negócio, no fim das contas, pode ser algo muito gratificante e enriquecedor, não somente em questão de se ganhar dinheiro, mas também em questão de ganho de conhecimento, experiência, network, e muito mais.

Mas não basta apenas querer empreender. Também é necessário ter o perfil certo para isso, pois é necessário entender toda a complexidade do dia a dia, as características de cada tipo de negócio, formas de funcionamento dos diversos tipos de empresas entre muitos outros fatores.

Tanto é verdade que, segundo dados do IBGE, 60% das empresas fecham as portas em até 5 anos. E, indo mais a fundo, de acordo com o Sebrae, na pesquisa Sobrevivência de Empresas (2020), que foi realizada com base em dados da Receita Federal e com levantamento de campo, a taxa de mortalidade dos MEI (Microempreendedor Individual) é de 29%, enquanto as microempresas têm a taxa de 21,6% e as de pequeno porte, de 17%.

Sendo assim, é muito importante entender quais são os principais tipos de empreendedores para saber onde você se encaixa e estudar adequadamente o mercado e o tipo de negócio que você vai desenvolver.

1. Empreendedor Informal

O primeiro tipo de empreendedor (e também um dos mais predominantes na sociedade brasileira) é empreendedor informal.

O empreendedor informal se caracteriza por não ter nenhum tipo de registro das atividades que realiza e, muitas vezes, também por empreenderem por necessidade. Por esse mesmo motivo, também é difícil precisar a real quantidade de empreendedores informais que estão em atividade no Brasil.

Os principais exemplos de empreendedorismo informal que você pode observar no dia a dia são os vendedores de balas, os camelôs que ficam pelas calçadas, lavadores de vidro e, por muitas vezes, pedreiros, faxineiras e babás.

Uma característica comum desse tipo de empreendedor é que eles frequentemente veem em seus negócios uma forma de atingirem a independência financeira, ou simplesmente uma forma de trabalho para sua sobrevivência e de suas famílias. Uma consequência disso é que geralmente eles não encaram o empreendimento como uma empresa de fato, como uma forma de investimento e acabam por não formalizá-lo.

Vale ressaltar que, embora esses empreendedores sejam informais, muitos negócios de sucesso começam dessa forma mesmo. Temos inúmeros casos aqui no país e no exterior de negócios que começaram com uma pessoa vendendo doce em porta de escola, ou revendendo camisas para amigos e se tornaram marcas de grande sucesso, como é o caso do próprio Rony Meisler e da Reserva, por exemplo.

2. Microemprendedor Individual

O microempreendedor individual, também conhecido como MEI, diferentemente do empreendedor informal, é uma pessoa que trabalha de forma registrada junto ao governo, se enquadrando em determinadas regras de faturamento e de contratação de pessoal.

Entre as principais regras do MEI estão:

• Estar incluído em uma das diversas atividades permitidas ao MEI.
  Ter renda bruta anual de até R$ 81 mil;
• Possuir no máximo um funcionário registrado;
• Não ter participação em outra empresa, seja como sócio, titular ou administrador;

Abrir um MEI é um processo bem fácil e rápido. Dentro de alguns minutos a pessoa já está em posse do seu CNPJ e pode prestar serviços ou vender produtos oficialmente como uma empresa. Além disso, como MEI, a pessoa também já pode emitir nota fiscal, precisando realizar apenas alguns procedimentos junto à prefeitura do município onde atua.

Os principais exemplos de MEI são os prestadores de serviço (como designers, fotógrafos, barbeiros e técnicos de informática) e também pequenos comerciantes, como sacolões, mercearias, lojinhas de roupa, camelôs, etc.

Normalmente o MEI é o segundo passo de crescimento de um negócio.

3. Empreendedor Digital

O empreendedor digital por sua vez, é aquele que tem um negócio que já nasce na internet e, portanto, tem uma operação no meio digital. O empreendedor digital pode ser tanto um MEI, quanto uma ME, EIRELI, entre outras categorias, que vão variar de acordo com o volume de faturamento que ele gera.

Nos últimos anos, principalmente de 2015 pra cá, isso foi deixando de ser uma tendência e passou a ser a verdadeira realidade de inúmeras empresas.

Os principais exemplos que podemos citar aqui são:

1. Infoprodutores
2. Startups
3. Youtubers
4. Influenciadores digitais
5. Consultores de marketing digital
6. E-commerces

Como você pode perceber, são profissões que envolvem um certo grau de risco, mas que também podem recompensar muito bem quem entra de cabeça.

4. Empreendedor Serial

Já o empreendedor serial tem uma característica um pouco diferente. Para explicar de uma forma mais interessante, vamos fazer um exercício.

Imagine que você tem uma pousada. Para aumentar a clientela, você percebe que pode começar a produzir eventos na sua cidade, então abre uma empresa de produção de eventos e aumenta sua demanda de agendamentos.

Então, sua pousada começa a fazer sucesso e a receber muitos hóspedes, mascom a demanda alta, você começa a ter dificuldades com o software que utiliza para fazer toda a gestão. Então, você resolve criar um app de gestão de pousadas para você e também para atender diversas outras pousadas pelo país.

Depois disso, você também percebe que pode ajudar outros donos de pousadas a aumentarem suas reservas e a ganharem mais dinheiro, então você monta uma escola online de pousadas e vende cursos em nível nacional.

Interessante, né? Então uma boa definição que podemos usar é:

O empreendedor serial é aquela pessoa que já tem uma empresa e, ao identificar novas oportunidades, cria novos empreendimentos que complementem os processos um dos outros. Esse perfil é apaixonado por empreender e está sempre de olho em todas as oportunidades que surgem.

5. Empreendedor Social

O empreendedor social é aquele que está focado em criar um negócio cujo maior impacto seja em melhorias na sociedade. Diferentemente dos demais tipos de empreendedores, ele não tem o lucro como objetivo primário, e sim o impacto social de seu negócio.

No empreendedorismo social, por muitas vezes. o financiamento para a viabilização do negócio poderá vir por parte de recursos do Estado e também por meio de doações de outras pessoas. No entanto, a receita também tende a vir por meio da venda de produtos e serviços.

Ao desenvolver uma empresa que atua no âmbito social, o empreendedor terá várias formas de gerar um impacto positivo para a as pessoas de certos bairros ou comunidades, podendo resolver diversos problemas que podemos perceber no dia a dia, como a falta de acesso a uma educação de qualidade, falta de oportunidades de capacitação profissional, ou até mesmo falta de acesso a crédito.

Exemplos de ações de um empreendedor social:

• Programas de bolsas de estudo;
• Programas de qualificação profissional;
• Consultorias para empreendedores de comunidades carentes;
• Banco focado na abertura de conta e oferta de crédito a minorias.

6. Empreendedor Cooperado

Esse perfil é caracterizado por saber bem como trabalhar em equipe. Aqui, ao invés do negócio ter um único dono, ele tem vários sócios que trabalham em diferentes áreas em prol do desenvolvimento da empresa até que cada um deles possa se tornar independente – ou para que o negócio avance cada vez mais.

Já ouviu aquela frase: “sozinhos, vamos mais rápido, mas juntos, chegamos mais longe”?

Pois é! Esse é o lema no empreendedorismo cooperativo.

Uma das principais vantagens que o cooperado tem é que ele pode ser parte de um negócio que tem a possibilidade de atingir uma magnitude que seria impossível atingir se cada um dos sócios estivesse atuando sozinho.

Exemplos de negócios cooperados que podemos citar para você:

• Pequenos agricultores;
• Artesãos;
• Produtores de leite;
• Profissionais da saúde;

Cooperativas de crédito.

7. Empreendedor Franqueado

Embora muitas pessoas não considerem o franqueado como um empreendedor de fato, devemos salientar que a coisa não é bem assim.

O franqueado aporta dinheiro e tem toda uma operação para gerenciar, precisando fazer as mesmas coisas que qualquer outro dono de negócio precisaria fazer, como gestão de fluxo de caixa, compras, contratações, desenvolvimento de equipe, entre muitas outras coisas.

Esse empreendedor se diferencia por ter um perfil geralmente mais moderado e menos adepto a grandes riscos, uma vez que a franquia geralmente é de uma marca já bem consolidada, de grande renome que, apenas por se estabelecer em um bom ponto de um bairro, já atrai clientes sem muito esforço – tanto é que as próprias ações de marketing das franquias já ficam por conta da própria franqueadora.

Aqui, temos diversos exemplos de marcas que trabalham com franquias:

• Chili Beans
• Cacau Show
• Starbucks
• O Boticário
• AmPm

8. Empreendedor do Conhecimento

Esse é um tipo de empreendedor é aquele que usa seu profundo conhecimento em uma área para faturar. Normalmente são profissionais de grande renome por seus feitos em empresas pelas quais passaram, ou estudiosos que podem contribuir gerando muitas reflexões para outras pessoas.

Os principais tipos de empreendedores do conhecimento que podemos citar são os consultores, os palestrantes e os escritores.

Alguns exemplos de empreendedores do conhecimento brasileiros e estrangeiros:

• Mário Sérgio Cortella
• Andrea Iorio
• Conrado Adolpho
• Jeff Walker
• Paulo Coelho

9. Empreendedorismo Corporativo

Por último, mas não menos importante, temos aquele que não precisa abrir uma empresa para ser um empreendedor.

Se você acha que a vida de empresário não é pra você, nem mesmo gosta da ideia de ter uma empresa, trabalhar até tarde, lidar com toda parafernalha que empreender no , mas ainda assim veste a camisa do lugar onde você trabalha e busca sempre criar e desenvolver novos projetos, você provavelmente se encaixa na categoria do intraempreendedor: alguém que de fato faz a diferença pelas organizações que passa.

Conclusão

São vários tipos de empreendedores que existem no Brasil hoje e certamente você deve ter se identificado com um ou até mesmo com vários deles. De toda forma, nós acreditamos que é sempre importante se atentar e estudar muito bem o modelo de negócio em que você se envolve, o mercado consumidor do seu produto ou serviço, para assim criar um plano de negócio ideal, que ajude você e sua empresa a obterem sempre o melhor resultado ao longo do tempo. Dessa forma, você sempre sentirá a realização, aquela sensação recompensadora que todo empreendedor sabe muito bem como é.